segunda-feira, 24 de março de 2008

Memória e cidade


(Edson Leão)

Rever ladeiras e ruas
Ser quase pedra dessa paisagem
Nem tanto a que piso em meu cansaço
Bem mais a que me espreita da memória.

Seriam as casas
Palavras que escrevi com o olho?
Seriam as janelas olhares
Que me espreitam do verso?

Quantas paredes destas lojas fechadas
Fizeram-se do silêncio em minha escrita errática?
Quanto da matemática desse vazio insone
Deriva da subtração dos gestos
Nos quais não saciei minha fome?

Quem me devolverá meu nome?
Aquele que eu abandonei na jornada.
Quem acordará o timbre dessa madrugada?
Antes que os tamancos falem outra vez que é dia
Trazendo o bocejar das fábricas
E os carros que saltam do amanhecer ao nada...?

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