quinta-feira, 5 de novembro de 2009

II MOSTRA "40 ANOS DE WOODSTOCK - A ENCRUZILHADA DA CONTRACULTURA

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

II MOSTRA DE FILMES “40 anos de Woodstock – A Encruzilhada da Contracultura”





II MOSTRA DE FILMES
“40 anos de Woodstock – A Encruzilhada da Contracultura”
(nas quintas: 5, 12 e 26 de novembro e 3 de dezembro, às 19 H)

PROGRAMAÇÃO:
Dia 5/11 - JOHN & YOKO’S – YEAR OF PEACE (Direção: Paul McGrath)
Dia 12/11 - THE DOORS (Direção: Oliver Stone)
Dia 26/11 - SEM DESTINO (Direção: Dennis Hopper)
Dia 3/12 - NA NATUREZA SELVAGEM (Direção: Sean Penn)
Dia 10/12 - Espetáculo poético-musical, com a Fantástica Banda Invisível (FBI), André Monteiro, Bruno Tuller, Edwald José Winand e Valéria Leão Ferenzini (com direção de Marcos Marinho e produção visual de Valéria Faria).

“A Encruzilhada da Contracultura”

O projeto “A Encruzilhada da Contracultura” dá seqüência a uma série de eventos que marcaram em Juiz de Fora as comemorações dos 40 anos de Woodstock no mês de agosto: um Ciclo de Debates apoiado em exibição de filmes e na reunião de vozes consoantes com a reflexão sobre o conjunto de manifestações sócio-culturais que eclodiu na década de 1960, conhecido como “Contracultura”.
O evento que atravessa o mês de novembro promove uma segunda exibição de filmes visando dar continuidade à reflexão sobre a Contracultura com debates divididos com o público após cada exibição. Quintas-feiras (dias 5, 12 e 26 de novembro e 3 de dezembro), às 19 h, no Anfiteatro João Carriço.
Complementa a programação uma digressão artística no dia 10 de dezembro, quinta feira, no Espaço Mezcla, a partir das 20 horas: o espetáculo poético-musical “OU NÃO... (Contracultura, Música, Poesia, e outras esquinas)”, com a Fantástica Banda Invisível, André Monteiro, Bruno Tuller, Edwald José Winand e Valéria Leão Ferenzini.



PROGRAMAÇÃO

MOSTRA DE FILMES (Local: Anfiteatro João Carriço)


- DIA 5 DE NOVEMBRO

JOHN & YOKO’S – YEAR OF PEACE (Documentário)
Direção: Paul McGrath
Duração: 52 minutos
Sinopse: Em 1969, tidos como um casal excêntrico, John Lennon e Yoko Ono propõem uma inusitada e “contracultural” forma de engajamento pela paz, permitindo serem entrevistados e filmados na intimidade de um original clima de lua de mel dentro de um quarto de hotel. Os jornais então estampavam manchetes sobre a guerra do Vietnã, sobre a inquietude em relação à Guerra Fria e mesmo sobre a consagração de uma revolução dos costumes. John e Yoko, como muitos outros, desejavam mudar o mundo, mas como isso se daria? Deitados em uma cama de hotel, cercados por jornalistas, anunciaram sua luta pela paz. O chamado “Bed-In For Peace”, segundo Lennon, foi um modo de protestar (e, ao mesmo tempo, promover a paz) sem o uso da violência.
O documentário mostra o segundo “bed-in” do casal, num hotel de Montreal (Canadá) e exibe cenas raras daquele momento, incluindo a intervenção de Lennon em um protesto estudantil, o confronto com o cartunista conservador Al Capp e o encontro com o Primeiro Ministro canadense Pierre Truddeau, além da gravação da canção “Give Peace a Chance”, composta durante o retiro. Mais de vinte anos após o assassinato de Lennon, Yoko Ono e outros envolvidos naquela missão de paz refletem sobre os fatos daquele ano mágico.

- DIA 12 DE NOVEMBRO

THE DOORS
Direção: Oliver Stone
Duração: 140 minutos
Sinopse: Em 1991, o diretor Oliver Stone leva as telas a trajetória de uma das bandas mais famosas e polêmicas dos anos 60, com o filme "The Doors". Além de representar com vigor a efervescência musical do período através de um de seus grupos mais importantes, o filme mostra as inquietações espirituais e as transformações comportamentais que marcaram aquela geração.



- DIA 26 DE NOVEMBRO

SEM DESTINO
Direção: Dennis Hopper
Duração: 95 minutos
Sinopse: Duas pessoas envolvidas pela aura da cultura hippie no final dos anos 60 saem de Los Angeles e atravessam o país até Nova Orleans. A longa viagem se revela o próprio símbolo de uma busca existencial ingênua, mas verdadeira. O sentido da liberdade que parece motivar os protagonistas nunca deixou de ser, e talvez nunca deixe de ser uma questão fundamental para o homem e a sociedade. Jack Nicholson estrela com Peter Fonda e Dennis Hopper (que também dirige) este clássico incomum, que consta como número 88 em importância na filmografia americana do século XX pelo Instituto do filme americano e que a Revista Time elogiou como um dos dez mais importantes filmes da década de 1960. O filme arrebatou público e crítica, sendo agraciado com o prêmio por melhor diretor estreante em Cannes, indicado para melhor roteiro original (Hopper, Fonda e Terry Shourten) melhor ator coadjuvante para Jack Nicholson em Hollywood.

- DIA 3 DE DEZEMBRO

NA NATUREZA SELVAGEM
Direção: Sean Penn
Duração: 140 minutos
Sinopse: Em 1990, com 22 anos e recém formado na universidade, Christopher McCandless, doa todas as suas economias a uma instituição de caridade, muda de identidade e parte em busca de uma experiência genuína que possa transcender a alienação sistêmica do mundo contemporâneo; materialismo, hedonismo e a asfixia espiritual do quotidiano. Christopher abandona a próspera casa paterna sem que ninguém saiba e ganha a opção pela construção de uma liberdade. Deambula por uma boa parte da América (chegando mesmo ao México) à boleia, a pé, ou até de canoa, arranjando empregos temporários sempre que o dinheiro falta. Nunca se fixando muito tempo no mesmo local, identifica a inconsistência das relações humanas ou nelas a ausência de sentido. Profundamente influenciado pelas suas leituras, que incluem Jack London, Tolstoi e Thoreau, anseia por atingir a completude da vida. Trata-se de uma história real transformada em livro reportagem por John Krakauer em 1996, o livro ganhou o mundo e transformou o jovem Chris (que mudou seu sobrenome para Supertramp) num símbolo de resistência para inúmeras pessoas.




ESPETÁCULO POÉTICO-MUSICAL:
“OU NÃO... (Contracultura, Música, Poesia e outras esquinas)”

DIA 10 DE DEZEMBRO
Local: Espaço Mezcla.
Horário: 20 horas.
Com a Fantástica Banda Invisível, André Monteiro, Bruno Tuller, Edwald Josè Winand, Valéria Leão Ferenzini.

Release: O Espetáculo poético-musical une canções de músicos brasileiras influenciados pelo espírito da contracultura (Clube da Esquina, Tropicalistas, Belchior, Walter Franco, Sá, Rodrix e Guarabyra, entre outros), textos da literatura Beat (Kerouac, Ginsberg, Ferllinghetti), textos situados dentro da Contracultura, anteriores ou contemporâneos à Contracultura, assim como poetas brasileiros da década de 70 (vide Chacal, Torquato Neto, Paulo Leminski), além de produções dos próprios integrantes do grupo. O evento tem direção de Marcos Marinho e produção visual de Valéria Faria.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

40 ANOS DE WODSTOCK – A ENCRUZILHADA DA CONTRACULTURA


40 ANOS DE WODSTOCK – A ENCRUZILHADA DA CONTRACULTURA
CICLO DE DEBATES
10 a 14 / 18 a 21 de Agosto de 2009

LOCAIS:
ANFITEATRO JOÃO CARRIÇO (Exibição de filmes e debates)
ESPAÇO CULTURAL MEZCLA (Mesas Redondas, debates e show)

Mais do que apenas um evento que marcou uma era da música popular mundial o festival de Woodstock tornou-se um dos símbolos mais fortes da chamada “contracultura” em seu período de maior ebulição. Partindo dessa idéia, “40 ANOS DE WOODSTOCK – A encruzilhada da Contracultura” tem como objetivo propiciar um espaço para reflexão sobre este fenômeno social, suas influências sobre a cultura, o comportamento e seus desdobramentos políticos.
Dentro desta perspectiva serão realizados debates, exibição de vídeos e de fotos do período (não só relacionados ao Festival, mas abarcando a questão da contracultura), exposição de capas de vinis, apresentação musical, entre outros.
Vale destacar que a referida contracultura se constituiu em um conjunto de manifestações das mais diversas naturezas que colocaram em cheque paradigmas da civilização ocidental contribuindo para o avanço de causas como ecologia e desenvolvimento sustentável, busca por alimentação mais criteriosa, direitos das mulheres e dos homossexuais, igualdade racial, abertura a diferentes formas de espiritualidade, entre outros.

PROGRAMAÇÃO:

EXIBIÇÃO DE FILMES (Seguida de debates):
(ANFITEATRO JOÃO CARRIÇO – 19:00h)
ENTRADA FRANCA

- DIA 10 DE AGOSTO, SEGUNDA-FEIRA
Zabriskie Point (1970) - EUA
Direção: Michelangelo Antonioni
Duração: 110 minutos
Sinopse: Lançado em 1970, aborda uma das expressões da contracultura dos EUA na época. O filme conta a história de um jovem casal — uma jovem secretária idealista e um militante radical — para transmitir uma mensagem "anti-establishment". Daria, estudante de antropologia que está ajudando a construir uma cidade no deserto de Los Angeles; e Mark, rapaz que largou os estudos e está sendo procurado pela polícia sob suspeita de ter assassinado um policial durante um tumulto estudantil. A trilha musical inclui Pink Floyd, The Youngbloods, The Kaleidoscope, Patti Page, Jerry Garcia, e Grateful Dead. No Brasil este filme foi proibido pela Ditadura Militar na década de 1970.

- DIA 11 DE AGOSTO, TERÇA-FEIRA
Across The Universe (2007) – EUA
Direção:
Duração: 133 minutos
Sinopse: Musical que recria a partir das canções dos Beatles o turbulento período da década de 1960 e as transformações comportamentais vividas pela juventude.
- DIA 12 DE AGOSTO, QUARTA-FEIRA
Psych Out (1968) – EUA
Direção: Richard Rush
Duração: 82 minutos
Sinopse: No auge da cultura psicodélica, Psych-Out é centrado sobre o personagem da fugitiva Jennie (Susan Strasberg), abrigada por uma comunidade hippie onde uma banda de rock liderada pelo freak Stoney (Jack Nicholson) encarrega-se de dar-lhe apoio para que encontre o irmão Steve (Bruce Dern). Vítima de um trauma familiar, Jennie é surda, mas tem a capacidade de compreender a linguagem dos novos amigos através dos movimentos labiais. Determinada a encontrar Steve a qualquer custo, ela circula pelo underground de San Francisco. Vigoroso registro da Cultura Flower Power feito em pleno momento de sua vigência.
OBS. Legendas em espanhol

- DIA 18 DE AGOSTO, TERÇA-FEIRA
Woodstock (1970) – EUA
(Parte 01)
Direção: Michael Wadleigh
Duração: 116 minutos
Sinopse: 1969... Martin Luther King e Robert Kennedy estavam mortos a tiros. A guerra do Vietnã era francamente repudiada e constestada... Em agosto desse mesmo ano, mais de 500.000 pessoas se reuniram em uma pequena fazenda, nos arredores de Nova York para celebrar, durante mais de três dias com muito Rock and Roll e espírito comunitário. Mais do que palavras de ordem, paz e amor garantiram o maior festival da música do planeta. No ano seguinte, o mundo pôde assistir ao primeiro e único filme sobre esse encontro mágico, grande vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 1994.

- DIA 19 DE AGOSTO, QUARTA-FEIRA
Woodstock (1970) – EUA
(Parte 02)
Direção: Michael Wadleigh
Duração: 143 minutos

- DIA 20 DE AGOSTO, QUINTA-FEIRA
Balada de Jack e Rose (2005) – EUA
Direção: Rebecca Miller
Duração: 112 minutos
Sinopse: Sobrevivente do pensamento livre dos anos 60/70, Jack é o último morador de uma comunidade hippie em uma ilha recentemente invadida pela especulação imobiliária. Carregado de idealismo, Jack criou sua filha Rose acreditando protegê-la do inóspito mundo pós-moderno. Por trás de uma rotina aparentemente idílica insurge os tormentos de uma doença terminal e o desabrochar da adolescência.

- DIA 21 DE AGOSTO, SEXTA-FEIRA
Kerouac o rei dos Beats (1986) – Alemanha
Direção: Klaus Maeck
Duração: 55 minutos
Sinopse: Documentário aborda vida e obra de Jack Kerouac, um dos principais escritores da geração Beat, autor do livro On The Road, influência fundamental para os movimentos contraculturais dos anos 60.

DEBATES:
(ESPAÇO CULTURAL MEZCLA – 20:00h)
ENTRADA FRANCA

- DIA 13 DE AGOSTO, QUINTA-FEIRA
Mesa redonda : 40 anos de Woodstock – A encruzilhada da contracultura
“Ecos de 1968 em Juiz de Fora: o movimento marginal” – Profª. Drª Christina Musse, jornalista e doutora em comunicação e cultura pela UFRJ; profª do curso de graduação em comunicação social da UFJF e membro do programa de pós-graduação da UFJF; autora do livro: Imprensa, Cultura e Imaginário Urbano: exercício de memória sobre os anos 60 / 70 em Juiz de Fora.
“Presença da Contracultura na Poesia Brasileira dos Anos 70” – Profº Drº André Monteiro, professor do Mestrado em Letras da UFJF.
“Beat: Uma Geração Pioneira” – Drª. Valéria Leão Ferenzini.
“Política e Sociedade na Contracultura” – Edwald José Winand, historiador formado pela UFJF, com pós-gradução em Filosofia e livreiro.
Introdução, apresentação e mediação de Bruno Tuler, Historiador com pesquisas na área de história da Música Popular e do Carnaval e Pós-graduando pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

Exposição de Capas de Vinis.

- DIA 14 DE AGOSTO, SEXTA-FEIRA
ENTRADA FRANCA
Mesa redonda: Contracultura e seus ecos na música popular do Brasil.
(ESPAÇO CULTURAL MEZCLA – 20:00h)
Exposição de Capas de Vinis.

SHOWS:
- DIA 14 DE AGOSTO, SEXTA-FEIRA
(ESPAÇO CULTURAL MEZCLA – 22:00h)
OBS. SERÁ COBRADO COUVERT ARTÍSTICO

PROGRAMAÇÃO

QUINTETO SÃO DO MATO - Revezando-se nos instrumentos, os músicos vão do embalo dos ritmos latinos, passando por toques africanos, até as músicas ciganas do Meio Oriente, além dos diversos ritmos brasileiros, como: samba, choro, frevo, maracatu baião. Formado em Juiz de Fora por Chadas Ustuntas (Ordu- Turquia), Márcio Guelber (Juiz de Fora), Henrique Novaes (Lima Duarte), Maíra Delgado (Lima Duarte) e Nara Pinheiro (Juiz de Fora), o quinteto São do Mato vem buscando através do dialogo de ritmos e melodias tradicionais da Turquia e do Brasil, uma identidade musical que não é limitada por fronteiras.
FERRO VELHO - Juiz de Fora volta aos anos clássicos do Rock’n Roll e do Soul. A banda Ferrovelho chega para uma viagem aos anos 60 e 70 com referências ao tropicalismo e ao melhor do rock inglês e norte-americano: Led Zeppelin, Deep Purple, Aerosmith, Pink Floyd, Janis Joplin, Secos e Molhados e Mutantes. A banda Ferrovelho foi fundada em 2003 pela vocalista Monique Leitão. O outro integrante mais antigo é o guitarrista Corélio. De lá para cá, a banda sofreu algumas alterações e, além destes dois, é formada, atualmente, por Giovanni Stroppa na guitarra, Fred Fonseca no baixo e João Cordeiro na bateria.
FBI - Com Danniel Goulart (violão e vocais), Edson Leão (violão e vocais) e Luiz Lima (percussão e vocais). MPB e rock em versões acústicas, com ênfase nos arranjos vocais e no swing da percussão. No repertório, clássicos dos anos 60 e 70 (Beatles, Santana, Mutantes, etc.) e MPB de nomes como Alceu Valença, Zé Ramalho, Chico Buarque, entre outros.

ORGANIZADORES:

Edson Leão Ferenzini – Músico e Jornalista, formado pela UFJF com Mestrado em Teoria da Literatura e pesquisas relacionadas à influência da contracultura sobre a Música Popular Brasileira. É também professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac) em Juiz de Fora.

Valéria Leão Ferenzini – Doutora em História Social pela UFRJ.

Edwald José Winand – Historiador formado pela UFJF, com pós-gradução em Filosofia e livreiro.

Bruno Tuler – Historiador com pesquisas na área de história da Música Popular e do Carnaval e Pós-graduando pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Também atua como letrista em parcerias com vários compositores juizforanos.

APOIO:
Funalfa
Cultural Bar
C.A. de História do CES
Liberdade Livros

quarta-feira, 24 de junho de 2009

DOUBLE FANTASY

(Edson Leão)

É estranho ...
Ouvir vinis velhos
Comprados baratos num sebo
Traz sentimentos
Em estéreo
De vidas que não vivi...

Um jovem poeta
Numa noite néon dos 80
Num apartamento discreto no Rio
Ao som de Yoko e de John
Antes da primeira transa
Com uma artista feminista
Que gostava muito de gin
Num fim de semana de abril
“Every man has a woman who loves him”

Eles tiveram filhos
E se divorciaram em 93
Mas nada disso eu sei
Apenas sinto a paisagem
Vir com a maresia
Pela janela em frente ao mar
“Moonlight on the water”

Beijos depois de um baseado
E as ondas se sucedendo
Línguas e peles
“I love you, now and forever”
Todas promessas são belas
Todas janelas acenam pro tempo
E ele sorri para nós
Como se tudo fosse simples
“Hard times are over”
“Don’t be afraid to go to hell and back”

A vida abre seu leque
E abana vendavais
Todas janelas acenam pro caos
Caímos em desalinho
Como velhos vinis de um real
Pelo chão, num canto de loja
“Don’t be afraid to go to hell and back”

A vida nem sempre é tão leve
Entalha amores na carne
Com a ponta de seu canivete
Por mais que depois tudo passe
E fiquem lembranças na foto
Que insistem sempre em sorrir
“Close your eyes
Have no fear,
The Monster’s gone”

Novos caminhos vieram
O desejo plantou nova fome
Novos discos tocaram
E eles se foram sem nome
Como a agulha chega ao final
Para que ao virar o outro lado
Depois de uns chiados e estalos
Uma nova canção enfim soe...

terça-feira, 5 de maio de 2009

À espera...


(Edson Leão)
Motocicletas cumprimentam o frio
a tarde é cinza, a pele pede abrigo
meus pés, meus olhos seguem sem alívio
e chamam, procurando algo vivo

Os edifícios andam sem destino
retiram os dias de seus velhos trilhos
entre as fileiras de seres de vidro
geleira humana, corações de plástico

entre o gingado de fêmeas de pedra
e o movimento de sonhos estáticos
à luz do sol de um dia cibernético
e à míngua de desejos dietéticos


Um braço magro estica a mão de fome
entre a favela e os carros, shoppings voam
a unha arranha o riso constrangido
do bronzeado rosto no outdoor

A boca morde mesa do jantar
a língua sorve o whysky da toalha
a arma aponta no sinal fechado
num flash, a noite é aberta a navalha

O templo reza a um nome que nos valha
Criminalistas rondam pistas falsas
Nos protegemos entre os altos muros
Mas o abismo espreita a nossa sala

Motocicletas cumprimentam o frio
A tarde é cinza, a pele pede abrigo
Meus pés, meus olhos seguem sem alívio
E chamam, procurando algo vivo


À espera do mágico de OZ
À espera de uma prova de fé
À espera do novo Merlin
À espera de um venerável pagé
À espera...

sábado, 25 de abril de 2009

O LIVRO DOS DIAS*


(Edson Leão)
O poeta rascunha restos
que toquem o tato de alguns sentidos
O poeta resenha restos
que movam o inerte de nossos dias
Talvez nada que transforme
a substância de nossas vidas
Talvez nada que transborde
o gosto raso de nossas vidas

Nesse tempo de vacas magras
nesse tempo de horas rudes
ferir ou ser ferido
traz algo mais do que destino

Firo o olho na luz que me falta
ou a sombra adensa ao meu gesto cego
ergo muros com medo das ruas
trincheiras ricas
onde o abismo cresce
O poeta desenha rostos
que morrem no inerte de nossos dias
Talvez algo ainda altere
num sub-instante as nossas vidas

Família oculta entre muralhas
famílias mortas vendo TV
Ferir ou ser ferido
traz algo mais do que destino.

*Musicado por Hudson Coelho nos anos 90.
Ilust.: Salvador Dali.

NADA TÃO NOBRE*


(Edson Leão)
Nada tão nobre
quanto as palavras do vento
Nada tão pobre
quanto palavras ao vento
meu verso sem rédeas
é indigente ao relento
um canto lento
ecoando num vale
nas horas mais surdas
que a humanidade esquece...

Nada tão nobre
quanto as virtudes do invento
Nada tão pobre
quanto um camelo sedento
Meu verso nem te comove
soa qual esquecimento
na noite fria de um tempo
na brisa um sussurro atento

"Sou o que soa
o que pede pra se cantar"**
um canto no ar
ecoando num vale
nas horas mais surdas
que a humanidade esquece...


*Musicado por Hudson Coelho nos anos 90.
** "Muito Romântico" - Caetano Veloso.
Ilust.: Gustave Doré (Dom Quixote)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

OUTONO EM JF


(Edson Leão)

É outono em JF
Mais uma casa cai
Prédios sobem inúteis
Pessoas sonham inúteis
Com o dinheiro que não vem
Com o aumento pro ano que vem
Com o bonde perdido ou um trem...

É outono em JF
Centenas de folhas caem
E o Parque Halfeld segue
Inerte
Olhando o jogo de damas
De um velho quixote cansado
E seus aposentados moinhos
No frio que espreita a tarde
e invade a carne qual infarto.

É outono em JF
E os sonhos caem
Como sistematicamente
Fazem aqui há décadas
Segundo o que ouvi
Segundo o que disseram
Segundo o que senti
Quando seus corpos bateram
No gelo do chão calejado
Aos pés do Clube Juiz de Fora
Manchando o riso imbecil
Das pernas do Calçadão.

É outono em JF
E os sonhos caem
Caem de dor natural
Caem de morte morrida
Caem de morte matada
Caem de longa agonia
Caem qual ave abatida
Aos olhos dos rifles de caça
Na mão de almas estreitas
Que vagam tornadas zumbis
Nas ruas de olhos vendados
Na crua estupidez de escritórios.

Como moedas caindo no caixa
Os sonhos caem em JF
Sem estardalhaços
Sem placas
Sem monumentos erguidos em praças
Sem pontes separando suas margens...
Os sonhos morrem sem graça
Afinal
É só o outono outra vez...

1986



(Edson Leão)
A tristeza tem paredes de inverno
e um céu cinza ardendo a concreto
Vontade de não estar aqui
Desejo de sobrevoar cidades
Com olhos de colisão

Sou o último míssil soviético
Um hambúrguer nuclear ianque
Em algum abril de 86
Sou o primeiro robô que amou
Sou um satélite que despencou

Curtir a vida é uma sessão da tarde
E uma canção pop arremessada
Descendo nas veias pelo rádio
E guiando minha bicicleta
Até a sua casa outra vez

As ruas têm teias no teto
Um livro ficou entreaberto
Marcando um poema que fiz
Palavras que ninguém leu
Imagens que não fazem falta
Que até minha dor esqueceu...

A tristeza tem seus dias de outono
E um crepúsculo que faz congelar
A voz na garganta e os sentidos

Estou descalço sobre as pedras
Estou equilibrado nos fios
Sentindo o tempo me arrastar
No rush dos carros sedentos
No tanque de meus desatinos
Sou a gasolina dos sonhos
Rangendo
E querendo as estradas de vez...

Ali



(Edson Leão)

Muitas casas caíram
Daqueles dias pra cá
Os vinis arranharam
Ou foram encostados ali...
Ali onde a memória falha
Ali onde eu nunca existi
Ali onde a dor escorre em calha
E a chuva teima em subir
Ali onde perdi guarda-chuvas, amores
E canetas que não devolvi
Ali onde alguém quer um isqueiro
E um cigarro, antes de ir pra sempre dormir
Ali onde a boca sem sono
De teimosa ainda insiste em abrir
Ali onde o cão perde o atalho
E um vagabundo teima em sorrir
Ali pra onde aponta meu calo
E a eternidade se curva a cuspir
Ali...? E onde raios é ali?!?