quarta-feira, 22 de abril de 2009

OUTONO EM JF


(Edson Leão)

É outono em JF
Mais uma casa cai
Prédios sobem inúteis
Pessoas sonham inúteis
Com o dinheiro que não vem
Com o aumento pro ano que vem
Com o bonde perdido ou um trem...

É outono em JF
Centenas de folhas caem
E o Parque Halfeld segue
Inerte
Olhando o jogo de damas
De um velho quixote cansado
E seus aposentados moinhos
No frio que espreita a tarde
e invade a carne qual infarto.

É outono em JF
E os sonhos caem
Como sistematicamente
Fazem aqui há décadas
Segundo o que ouvi
Segundo o que disseram
Segundo o que senti
Quando seus corpos bateram
No gelo do chão calejado
Aos pés do Clube Juiz de Fora
Manchando o riso imbecil
Das pernas do Calçadão.

É outono em JF
E os sonhos caem
Caem de dor natural
Caem de morte morrida
Caem de morte matada
Caem de longa agonia
Caem qual ave abatida
Aos olhos dos rifles de caça
Na mão de almas estreitas
Que vagam tornadas zumbis
Nas ruas de olhos vendados
Na crua estupidez de escritórios.

Como moedas caindo no caixa
Os sonhos caem em JF
Sem estardalhaços
Sem placas
Sem monumentos erguidos em praças
Sem pontes separando suas margens...
Os sonhos morrem sem graça
Afinal
É só o outono outra vez...

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