quarta-feira, 22 de abril de 2009
1986
(Edson Leão)
A tristeza tem paredes de inverno
e um céu cinza ardendo a concreto
Vontade de não estar aqui
Desejo de sobrevoar cidades
Com olhos de colisão
Sou o último míssil soviético
Um hambúrguer nuclear ianque
Em algum abril de 86
Sou o primeiro robô que amou
Sou um satélite que despencou
Curtir a vida é uma sessão da tarde
E uma canção pop arremessada
Descendo nas veias pelo rádio
E guiando minha bicicleta
Até a sua casa outra vez
As ruas têm teias no teto
Um livro ficou entreaberto
Marcando um poema que fiz
Palavras que ninguém leu
Imagens que não fazem falta
Que até minha dor esqueceu...
A tristeza tem seus dias de outono
E um crepúsculo que faz congelar
A voz na garganta e os sentidos
Estou descalço sobre as pedras
Estou equilibrado nos fios
Sentindo o tempo me arrastar
No rush dos carros sedentos
No tanque de meus desatinos
Sou a gasolina dos sonhos
Rangendo
E querendo as estradas de vez...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário