sexta-feira, 11 de julho de 2014

ORFEU, O SERESTEIRO

Compunha marchas-rancho
Saudosas como cadeiras de palhinha
A velha vitrola
E os discos de Orlando Silva
Leitor ocultista
Compôs um samba-canção
Que acreditava
Ressuscitaria os amigos mortos
E aquela paixão de juventude
Mas o coração tropeçou
Numa rima da terceira estrofe
Momentos antes do refrão
Em tempo hábil para os herdeiros
Poderem aceitar a proposta
Oferecida pela construtora
Que em menos de um mês
Pôs no chão
As memórias
E os sonhos
Que habitavam seu velho sobrado...

(Edson Leão)

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