sexta-feira, 11 de julho de 2014

HOMERO, O BUROCRATA

Assinava documentos
Como quem escreve sonetos
Ao menos acreditava nisso
Do alto do escritório
Vendo pela janela
Entre um papel e outro
O sol desenhar a tarde
Como sua adiada poesia
Sonhava alguns segundos
Aquele sol
Visto da varanda
Da casa de praia comprada
No quando da aposentadoria
Um dia um deus sem assunto
Roubou-lhe a visão e a poesia.
Tempos depois
Como o trânsito na avenida
Lá embaixo
Que vez em quando observava
Entre a fumaça do café e o cigarro
O sangue lhe engasgou nas artérias
Ficou para história o poeta
Que nunca deu ao mundo uma poesia.
(Edson Leão)



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