sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

SONO E VIGÍLIA





(Edson Leão)

I
O sono me puxa pro outro lado do espelho como um velho blues dilacerando estrelas, o cheiro boêmio de flores, a voz de whisky no vinil e um mundo que prossegue lá fora sem mim. Brindo às luzes, a cidade segue semi-morta, uma Julieta de asfalto até o céu. JF espera por mim. Terá que esperar muito! Vou apenas dormir. Ela que guarde seu veneno e seu mel. A vida me espera daqui à pouco, com a luz do sol e o som de pássaros partindo a vidraça do sono. Por hora me encontrem do outro lado do espelho, onde desfiarei os versos que à palavra não cabe encontrar. Que eu sonhe como quem veleja paixões! Bons sonhos a todos também!


II


E então é dia outra vez. Pássaros me cumprimentam do bosque do Bairu dizendo"mãos à obra"! Sigo seu conselho, não o do motor dos carros, nem das máquinas que produzem... produzem... ou das registradoras das lojas que copulam com os caixas eletrônicos de banco gerando filhos bizarros. Lá fora a construção cívil já batuca ritmos mórbidos sobre os escombros de nossa humanidade. Escolho os pássaros pois eles cantam, e alguém nesse mundo deve cantar, mesmo quando escravizado numa plantação, ou atado às engrenagens do porvir que se tece em fábricas, ou na insanidade de call centers que premeditam hospícios. Sou desses que cantam por que há gaiolas, mas que também cantam para que não haja gaiolas. Pelo SIM e pelo NÃO, digo bom dia a todos!

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