quarta-feira, 11 de abril de 2012

SOBRE GAVETAS E ETERNIDADES

(Edson Leão)


Em cada gaveta esqueço
Poeira de milênios
Traços de vida
Versos rascunhados
Inúteis fotografias
A passagem de uma sombra
Um murmúrio do silêncio
Uma gota do eterno
Que provei sem planejar
O que guardo são entulhos
A voz da vida é sem molduras
Sem amarras
Sem açudes
Flui num rio
Vai sem mar
Escoando com prazer
Porque tentar lhe segurar?
Nossa avareza por momentos
Impede o novo de tocar
A nota funda
O dó no peito
No teatro dessa carne
Que finge estátuas de sal
Submersas na sede de sol...

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