domingo, 11 de maio de 2008

DEUS E O DIABO (AINDA...)


(Edson Leão)
O click da arma
Que falha ao acaso
É a única proteção...

Pois os tais coronéis
Do passado presente
Ainda armam jagunços,
Inda matam sem paga
Inda mancham o chão.

E o dique que barra
A esperada mudança
Se chama justiça
A cega balança
De duas medidas
De causas compradas
De honras vendidas
De barbas atadas
De calça arriada
Posando de quatro
De rabo tão preso
Negando outro fato
De cú tão travado,
Comendo na mão.

Anapu, nosso atraso
É o Brasil norte a sul
É a lei feita à bala
Lei da mala com grana
Do cinismo sacana
Do dono que manda.

É queima de fogos
É queima de arquivo
É queima de índio
É à queima-roupa
É à sangue-frio
É sangue indefeso
Que a lei nunca poupa.

É a morte com aviso
De freira, de índio,
De quem não se vende
Do humano indigente
De quem não se rende
De algum Chico Mendes
De quem não se cala.

E o país vê da sala
A chacina na tela
Se embriaga e consente
Silencia e espera
Uma nova novela
Outra vida, outra banda
Um cortejo demente
A espiar da janela...

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