quarta-feira, 16 de abril de 2014

DIGITÁLIA

Não sobraram montanhas intactas
Onde sábios saibam destilar
Entre estalactites
Tics místicos
E suas sábias barbas de silêncio
A baba abstrata da sabedoria
Então sorria
Você está sendo filmado
Pelo elevador
Pelo shopping
Pelo celular da adolescente ao lado
Pelo Tio Sam
Pela sede da rede em edificar catedrais de mensagens
Mosaicos de futilidade urgente
Na pressa em saltar de ponta-cabeça da notoriedade ao esquecimento
Um solo ágil de Charlie Parker entre milênios chineses de agulhas de acupuntura e teses anarquistas de como fabricar coquetéis explosivos que não deixam ressaca no dia seguinte, separam-me do mais novo “o cara” de alguma das miríades de cenas alternativas que recicla emoções supersaturadas de canções de décadas passadas articuladas com um espírito blasé de coletividade digital decomposto em ruas de selvagem quietude em chamas de aglutinação de qualquer coisa que não consigo absorver de dentro de minhas quatro décadas e um muito mais de perplexidade sobre um planeta terra sempre à espera do fim do mundo...
Melhor fazer uma pausa para o café
Antes de ler nas linhas do tempo
Fragmentos de fascismo e fascinação
Que escapam de nossas mentes incautas
Quando apenas tentamos ser... nós mesmos
Ou seja
Atores
Avatares
Em altares virtuais
Orando ao nosso próprio ego, por uma tal de felicidade, cujo programa, ao menos, ao que consta pela última pesquisa feita no google, ainda não se encontra disponível no baixaki...
(Edson Leão)