terça-feira, 5 de maio de 2009

À espera...


(Edson Leão)
Motocicletas cumprimentam o frio
a tarde é cinza, a pele pede abrigo
meus pés, meus olhos seguem sem alívio
e chamam, procurando algo vivo

Os edifícios andam sem destino
retiram os dias de seus velhos trilhos
entre as fileiras de seres de vidro
geleira humana, corações de plástico

entre o gingado de fêmeas de pedra
e o movimento de sonhos estáticos
à luz do sol de um dia cibernético
e à míngua de desejos dietéticos


Um braço magro estica a mão de fome
entre a favela e os carros, shoppings voam
a unha arranha o riso constrangido
do bronzeado rosto no outdoor

A boca morde mesa do jantar
a língua sorve o whysky da toalha
a arma aponta no sinal fechado
num flash, a noite é aberta a navalha

O templo reza a um nome que nos valha
Criminalistas rondam pistas falsas
Nos protegemos entre os altos muros
Mas o abismo espreita a nossa sala

Motocicletas cumprimentam o frio
A tarde é cinza, a pele pede abrigo
Meus pés, meus olhos seguem sem alívio
E chamam, procurando algo vivo


À espera do mágico de OZ
À espera de uma prova de fé
À espera do novo Merlin
À espera de um venerável pagé
À espera...